sexta-feira, 25 de março de 2011

A História da Cerveja

A história da Cerveja se confunde com a história da humanidade. Indícios mostram que a cerveja nasceu região da Mesopotâmia (Atualmente Iraque, região entre os rios Tigres e Eufrates) onde a cevada cresce em estado selvagem, no Oriente Médio ou no Egito. Prova disso é que em meados do século XIX arqueólogos que cavavam tumbas de faraós encontraram entre outras coisas vasos com resquícios de cevada.
 

Reza a lenda que em algum momento da história, um grupo de agricultores teria armazenado sua colheita em vasos, para uso posterior. Uma chuva tratou de umedecer a colheita, que em seguida fora colocada para secar. A porção que ficara em contato com o ar e teria sido atacada por micro-organismos, que deram inicio ao processo de fermentação,  transformando o açúcar em álcool. Surgindo assim a Cerveja.


Existem muitos registros tanto em linguagem coneiforme como em hieróglifos, nos mostram que, por volta de 6.000 a.C., quando o homem começou a desenvolver cidades, a produção de cerveja já era uma atividade bem desenvolvida e organizada. Em documentos antigos, a cerveja chegava a aparecer como moeda de troca. 

Segundo o antropólogo Alan D. Eames (1947-2007), conhecido mundialmente como o "Indiana Jones da Cerveja",  a cerveja seria mais importante até mesmo que o pão para o criação e estabelecimento da sociedade civilizada. 

Em 1913, o também arqueólogo e linguista Tcheco Badrich Hrozny decifrou algumas tábuas com registros comprovando que, na região hoje correspondente ao Iraque - os sumérios consumiam uma bebida chamada sikaru. Essa bebida era utilizada como remédio, para pagar os trabalhadores e  comop oferenda aos Deuses. Isso à 4.000 a.C.

Por volta de 2.300 a.C. os chineses produziam uma cerveja de painço, chamada de tsiou, que era oferecida aos ancestrais.

Código Mesopotâmico de Hamurábi, de 1730 a.C., previa que o cervejeiro que produzisse uma cerveja intragável, poderia ser condenado à morte por afogamento na sua própria bebida. Outro artigo, previa que a venda de cerveja deveria ser paga apenas com grãos de cereais.


Na sociedade babilônica o cervejeiro tinha tanta reputação que era dispensado do serviço militar sob a condição de suprir o exército com sua cerveja. Nos bordéis, as prostitutas produziam sua própria cerveja para darem aos clientes. Um provérbio da babilônia dizia: "Coma o pão, pois este pertence à vida; beba a cerveja como um costume de vida."

O mais antigo registro de uma cervejaria foi encontrado em Tebas (Egito), datado de 3.400 a.C. Nessa época eram fabricados dois tipos de cervejas: "cerveja nos notáveis" e "cerveja de Tebas".  O grande centro produtor de cerveja da história, entretanto, foi a cidade de Pelesium (atual Port-Said), no Egito, que produzia uma cerveja com o nome de zythum. As suaves eram destinadas aos pobres, enquanto as aromatizadas com gengibre, tâmara e mel, ficavam para os nobres. A bebida era ainda utilizada em banhos para tratamento de pele e também era indispensável em cerimônias fúnebres. Consta que os egípcios gostavam tanto da bebida que seus mortos eram enterrados com algumas jarras cheias de cerveja.

Os gregos conheceram a cerveja dos egípcios e, por sua vez, passaram o conhecimento aos romanos, mas a bebida  só era recomendada para tratamento médico.

Como os gregos e romanos eram povos conquistadores e não gostavam de cerveja, isso acabou por gerar uma influência negativa na cultura cervejeira pelo mundo. Isso transformou a cerveja  em uma bebida mais barata, consumida entre os pobres e bárbaros.

Difusão da Cultura Cervejeira

Romanos
Mesmo com a rejeição da cerveja em Roma, a bebida passou a ser bem popular, principalmente por causa do seu baixo preço. Por isso, passou a gerar problemas de inflação e de suprimentos, fato que fez,com que o Imperador Romano, Tito Flávio Dominicano (51-96), proibisse o cultivo de vinha em terrenos onde pudessem ser semeados cereais. 

Trácios
Outro ponto de difusão da cerveja através da Mesopotâmia se deve aos trácios, - povo que dominava um território que hoje abrange Bulgária, Romênia, Moldávia, partes da Grécia, Macedônia, Sérvia e Turquia.  Para esse povo a cerveja era considerada sagrada e acredita-se que tenha influenciado também os povos germânicos e celtas, devido aos movimentos migratórios.

Celtas
Os povos celtas habitaram boa parte da Europa, nas regiões que hoje são ocupadas pela França, Portugal, Espanha, Bélgica, Inglaterra, Escócia e Irlanda. Eles foram muito importantes, exatamente por terem desenvolvido novas receitas e técnicas de fabricação de cerveja.

Plínio, o Velho autor romano, escreveu em Naturalis Historia, sobre celtas fazendo cerveja na Gália (França) e Galícia (Espanha). Foi exatamente na Galícia que a bebida recebeu o nome que falamos hoje: cerevisia ou cervisia, em homenagem a Ceres, deusa da colheita e da fertilidade. A bebida consumida era alcoólica, fermentada a partir de cevada ou de outros cereais, aromatizada com mel e maturada em ânforas de barro ou em tonéis de madeira. Nessa época ainda não se utilizava o lúpulo.

Durante o primeiro milênio da era cristã, os celtas e germânicos eram os povos que mais produziam e consumiam cerveja. Além de ser considerada sagrada, servida como oferenda aos deuses, também era uma recompensa aos heróis.  

Outros Povos
Vários outros povos como: escandinavos, asiáticos, africanos e os primitivos da américa já faziam bebidas fermentadas a partir de cereais, que podem ser considerada como espécies de cerveja.

Nesse período a cerveja tinha valor nutricional muito forte, muitas vezes servida em substituição à água, que nem sempre era potável, e também como remédio, misturando nela algumas especiarias.

Idade Média

Até o início da Idade Média, a produção de cerveja era feita em casa, dirigida principalmente para a família e fabricada pelas esposas.

Os mosteiros foram os responsáveis pelo início da produção em alta escala. A partir do século IV os monges irlandeses Columbanos (São Columbano) e Galos (São Galo), fundaram pela Europa vários mosteiros com capacidade de produção em escala de cerveja. Entre eles, podemos citar Abadia de Sankt Gallen, na Suíça e Abadia de Bobbio, na Itália, na qual foi inspirado o filme O Nome da Rosa.
 
Os religiosos se tornaram os primeiros a estudar a cerveja, além de desenvolverem receitas secretas e técnicas avançadas de produção e armazenamento, entre elas, a conservação/armazenamento a frio.

As cervejas eram destinadas aos monges e aos pobres, e vendida aos peregrinos e camponeses. Durante este período, a igreja católica  esteve relacionada à história da cerveja. Prova disso, é que, além dos mosteiros com cervejarias, Casas Episcopais e Catedrais também tinham envolvimento tanto em consumo quanto em fabricação de cerveja. Temos por exemplo a Catedral de Estrasburgo (França), que possui registros de produção de cerveja para atividades festivas no século X.

O Imperador Carlos Magno, contribuiu para consolidação da cerveja como mercadoria e como atividade econômica. O Capitulare de Villis dizia, entre outras coisas, que os cervejeiros eram artesãos especializados na fabricação da bebida. Seu império era organizado em vários estados, onde cada um tinha que conter como estrutura: igreja, padarias, comércios, estábulos, celeiros e cervejarias. Isso incentivou a criação dos mosteiros, além de tornar a cerveja mais popular.

A atividade cervejeira se especializou e passou a servir como um complemento para a renda familiar. Os cervejeiros foram se unindo, criando novas técnicas e melhorias  que fizeram grande diferença na qualidade e produtividade. Esse movimento surgido entre a Era Medieval e a Renascença, pode ser considerada como o primórdio da industrialização da cerveja.

Fonte: Larousse da Cerveja

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